Eu, ainda menina, comecei meus sonhos de
futuro a planejar para minha vida adulta ser carteira ou caminhoneira. Sempre
penso nisso, muitas vezes falo (e até já escrevi aqui).
E ontem, depois de tantas vivências durante o dia e parte da noite, eu fiquei a
pensar que, de alguma forma, eu cheguei aos dois objetivos.
O meu ofício não se reconhece em nenhum desses nomes, mas ganho as estradas,
dobro esquinas, não tenho mais parada e levo, deixo, entrego e recolho muitas
mensagens. Sou ou não uma caminhoneira-carteira?
Voltei de Apucarana há pouco. A experiência
com a trupe da Caravana da Poesia é muito rica e rara e cara e repleta de
beleza: profissionais competentes e seres humanos da melhor estirpe.
A Caravana é viver a festa de estar de bem
com a vida!
As vezes, a estrada, o asfalto, o ônibus, o vascolejar não permitem conversa e todo mundo sossega e descansa. Nesses
momentos sempre me aparece alguma coisa de muito interessante pela janela e
fico meio queixosa por olhar beleza sozinha sem dar tempo de dividir...
E foi assim boa parte da peregrinação da
volta: me espichei nos bancos e viajei meio acordada para não perder o sonho e
meio dormindo para não perder a vista – ou vice-versa.
A paisagem corre rápido demais e não dá nem
pra pensar em foto. Mas gravei na retina, testemunhei solitária três guris a empinar pipa às 10 horas da manhã numa BR vazia; vaquinhas em pose a pastar em cenário
estrangeiro; mãe com três filhos a andarilhar sabe-se lá de onde pra onde;
casinha com chaminé em fumaça; lindo campo de trigo (e para esse houve tempo de
apontar para os amigos, parar ônibus, fazer pose e tirar fotos – e eu até agora
não vi nenhuma...).
No caminho acontece tanta coisa: no caminho
mesmo, lá fora, a correr na vitrine do ônibus. Mas acontece também dentro,
dentro da gente (só para não escrever dentro de mim), porque a estrada é lugar
de muita coisa, a travessia de um lugar para outro inspira que esse movimento
aconteça dentro também. E quando isso começa me dá duas vontades: a primeira,
de lançar âncora, desligar motor e parar imediatamente; a outra é de aproveitar
o embalo e me jogar e viajar do Oiapoque até Nova Iorque e super levar em conta
o Rosa quando tascou que “Todo caminho da gente
é resvaloso.
Mas também, cair não prejudica demais - a gente levanta, a gente
sobe, a gente volta!”.
Aos amigos que permitiram que o trabalho se transformasse num maravilhoso encontro, todo meu agradecimento
nesse texto estilo samba-do-crioulo-doido...
E amanhã, desço a Serra do Mar para nova
aventura.
show o texto... de fato o caminho transforma o viajante e vice-versa
ResponderExcluire você super sabe dos caminhos, né Jopz?
Excluirbeijo, que bom você oiê aqui...
e você super sabe dos caminhos, né Jopz?
Excluirbeijo, que bom você oiê aqui...