Toda vez que penso em mudança um calafrio me
percorre. A insatisfação com a situação atual, que é o gatilho para coisa nova,
começa a perder cores e ao olhar em volta, o tiro que fere mas não mata: nem
tudo é ruim. Imediatamente uma cascata de pontos positivos se derrama a cobrir
as possibilidades do futuro...
Jogar-se sem saber, desafiar o desconhecido,
coragem no escuro são fortalezas boas na literatura, no papo de bar, no
conselho para vida alheia, mas aqui dentro tenho, muitas vezes, vontade de me
recolher onde conheço e sei driblar o que atrapalha.
Aí vem o conformismo que me coloca a
desdobrar fibra por fibra cada coisa ruim até travesti–las de realidade
aceitável.
Mas esse é papel pra mim? Não, não é! Ao
recapitular a trajetória reconheço muitas viradas de mesa, saídas repentinas
pela direita, pela esquerda, pela tangente...
A busca do melhor!
Com o tempo eu vim entendendo que nada é
definitivo, que cada nova escolha só traz consequências mas nunca, nunca mesmo,
conclusões permanentes. E a velha frase de estrada é tão batida quanto
verdadeira: pegar um caminho significa abandonar outros.
Abandonarei. Deixarei para trás o que tem
lugar só no passado e no fio da memória como parte da vida e do que me trouxe a
esse momento.
Levarei as pedras e flores do caminho em
lugares dentro de mim, transformados em aprendizado e perspectiva.
Quando a ideia de mudança se apresenta é
porque já está na hora. E para esses momentos, lembro sempre do conselho do Domingos,
meu grande amigo das horas de incertezas: Fecha os olhos e vai, o futuro precisa
aparecer duma vez!
Eu vou!
Se tens vontade de vencer o rio, terás a energia necessária para atravessá-lo. Seja à nado, de barco ou simplesmente se deixando levar...
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