Me disseram que eu tenho que usar artigos.
Não posso mais, simplesmente, “buscar Maria”, tenho que “buscar a Maria”; não
dá para “jantar com Carla”, preciso “jantar com a Carla”.
Também não posso mais sair de casa sem
protetor solar. Nem para ir ao mercado ou à casa da minha mãe... e olhe que
tudo fica em Curitiba, que nem sol tem.
A figurar na lista das coisas que não me são
permitidas está também a falta do livre arbítrio para atender ou não o
telefone. É preciso sempre dizer alô e esperar pela surpresa.
Eu tenho minha própria relação de
impedimentos, que desenvolvi depois de algumas invertidas: não falar alto, não
correr, não beber em demasia, não substituir o café da manhã por chocolate, não
chegar atrasada, não gastar dinheiro que ainda não ganhei...
E como se não bastasse todo o rol de
repressão, há ainda a quantidade insana de coisas que tenho que fazer e não
falo do uso de artigos ou protetor solar.
Na lista da escravidão cotidiana,
muitos itens: eu tenho que acordar na hora, tomar água, ler o jornal, passar rímel,
regar plantas, fazer compras, cuidar dos bichos, passar no posto, ir ao banco, me preocupar com o futuro da
nação, ouvir o último disco de Fulano, comer granola, responder email, fazer
pilates, erguer bandeira, etc., etc., etc..
Tudo usando artigos, com protetor
solar e telefone em punho. E sóbria, claro.
Eita vida besta!
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