A primeira vez que fui feliz devia ter uns
quatro pra cinco anos. Eu ganhei uma maquininha fotográfica de plástico que, ao
clique, pregava uma peça: lançava água no candidato ao retrato – era como a
florzinha na lapela do palhaço. Minha primeira vítima foi meu avô, que me fazia
acreditar que aquilo era uma surpresa pra ele.
Na segunda vez, eu precisava registrar e
revelar. De presente de aniversário veio uma Love, daquelas em que a gente
torcia o flash para girar o filme. Muitas poses. Muita imagem tremida. Muita
revelação. Eu e minha melhor amiga de infância, a Malu, gastamos tardes a
clicar, clicar, clicar... Nem sei se ela lembra.
Depois, as urgências adolescentes me fizeram
ter uma Polaroid: saber imediatamente era preciso! E eu me abanava com a
fotografia a apressar o resultado: vô, vó, tios, tias, irmãos, pais...
Ainda na forma analógica, fui feliz com uma
Yashica. Era o tempo das paisagens: pantanal, cataratas, praia, por do sol.
Adorava empurrar a manivela do filme com o polegar. Amava, puxá-la para
rebobinar a fita. E naquele momento descobri quanto custava uma revelação:
várias economias para os filmes, antes e depois dos retratos.
Com a mesma Yashica, fui ainda mais feliz
quando ganhei uma lente. E depois mais outra, e depois o flash. O conjunto anda
por aqui, espalhado em casa, a percorrer a curiosidade dos filhos. E, de vez em
quando, descubro o valor dos filmes – para comprar e para revelar.
Da penúltima vez que fui feliz, foi de forma
digital. Me esbaldei em fotos que não precisavam de tanto cuidado, uma, duas,
três, dez, 20, 100 tentativas até conseguir coisa decente e comemorar
pseudo-talento.
A felicidade me alcançou pela última vez,
quando comprei um celular com máquina embutida. Sair por aí sem precisar levar
treco algum a mais e mesmo assim poder fazer os registros do que acho justo, é
insuperável. Um pássaro?, um avião?, um super homem? Tanto faz! É só sacar o
telefone e fazer o caminho: clique, computador, pendrive, loja. E descobri,
feliz, a popularização das revelações.
Todas as minhas felicidades sempre foram sem
conhecimento, sem talento sempre no automático...
Isso tudo, essa história toda, é pra só pra
dizer, e só pra isso!, da minha admiração por quem sabe fotografar, pelo
fotógrafo, pelo profissional!
Comprei estes dias uma maquina e me apaixonei. Comecei a fazer aquilo que chamo de Fotopoesias. Muito bom mesmo amiga.Paz e luz!!!
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