89 anos bem vividos, bem aproveitados, bem gastos! A existência de Paulo Vanzolini foi de total contribuição aos meios que decidiu dedicar tempo e esforços.
Na ciência, organizou vida e cabeça para se especializar zoólogo. Tornou-se doutor pela Universidade de Harvard; organizou coleção de 130 mil bichos, entre répteis e anfíbios; montou biblioteca pessoal com mais de 50 mil volumes, que carrega o título de a maior da America Latina; idealizou um sem-fim de projetos; encabeçou estudos e colaborou com a atenção de quem compõe, encaixando nota por nota, acorde por acorde, com o desenvolvimento de pesquisas tão importantes que hoje há uma coleção de táxons em sua homenagem. É ótimo ver e saber um nome nacional cheio de respeito e de admiração na ciência mundial.
Na música, não colecionou obra extensa. Mas tudo, absolutamente tudo, tem o cuidado microscópico que aprendeu na outra atividade. É fundamental citá-lo como representante (ao lado de Adoniran) do samba paulistano, da narração dos costumes, lugares e situações das gentes tão misturadas da grande cidade do Brasil.
Vanzolini é dono daquelas maravilhas sutis que embalam a alma e despertam os sentidos. Seja no drama de “Ronda”, no conselho de “Volta por Cima”, nas reflexões de “Samba Erudito” ou no humor de “Praça Clóvis”, a sofisticação de música e letra dá ideia das 65 maravilhas que compõem o conjunto de sua obra musical.
A ciência e a arte ganharam um grande trabalhador. Hoje não perdem, mas colhem frutos plantados durante quase um século de vida. Feliz do país que pode ter em sua relação de grandes homens, uma figura tão rica como Paulo Vanzolini, um cientista do samba, como passou a ser chamado.
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