Hermanos, a vaia ao seu hino à capela não diz
que lhes desrespeitamos ou não lhes admiramos. Vocês sabem como são as coisas
em campo e na arquibancada, não pintam nossas relações exteriores, não falam de
diplomacia, não se dirigem à vida real.
Vaiamos, porque hino à capela só defendemos o
nosso!
Se ainda nos encontrássemos nesse torneio,
asseguraríamos o respeito ao tempo oficial de seu hino, como fazemos com todos,
depois disso, colocaríamos a boca no trombone a defender nosso território.
Não somos mal educados, nem lhes queremos
mal. Recebemos todos vocês aqui com hospitalidade e suportamos felizes quando,
de madrugada, alguns de vocês passaram sob nossas janelas no coro Chi chi chi,
Le le le. Também não condenamos sua nação inteira por aqueles 85 que invadiram
o Maracanã.
Há em nós, admiração por seu país, sua
natureza, seus picos nevados, seus índices de IDH e até por seu futebol. Vaiamos
parte de seu hino porque isso também faz parte do jogo, dos jogos, das
arquibancadas, que por aqui vaiam até minuto de silêncio...
Nossas portas continuam abertas e nossa
admiração por vocês segue inabalada. Queremos que voltem, que voltem sempre,
que venham por motivo de futebol ou de férias, de trabalho ou descanso, sozinhos
ou com suas famílias. Sentaremos lado a lado e festejaremos a alegria e
tragédia de nossa mesma América.
Também queremos continuar a visitá-los e
aproveitar o que seu país tem de tão farto, sedutor, sério e encantador.
Que o chato do politicamente correto não
invada nosso futebol e que possamos continuar em festa, sem preconceito, sem
desrespeito, sem tanta seriedade a manifestar nossas venturas.
Acreditem, a vaia, ao fim e ao cabo, é uma
homenagem torta, um jeito de dizermos que é preciso desestabilizar a confiança,
de que tememos por nosso espaço. De que os respeitamos muito!