Me animei com a superlua. Porque é super e
porque é lua. Porque gosto dos fenômenos. Porque a natureza me encanta.
Quando vi o céu se abrindo quase uivei.
Depois veio a decepção no paredão do prédio
cafona de arquitetura horrorosa, coisa de novo-rico, aqui do lado. Seria boa
oportunidade de mandá-lo pelos ares – onde já se viu se intrometer entre a lua
e eu?
Fui salva pela Iara, que tratou de tudo com
sensibilidade e competência. Ganhei agrado também das irmãs Abaurre que
aumentaram a beleza colocando o mar lindo de Manguinhos como tapete.
Como a lua e eu temos assunto, fui
encontrá-la. Desci em correria para não deixar velha amiga a esperar. O último
lance me fez virar o pé. Segui. Quando alcancei a rua, virei a cabeça, vi seu
clarão.
O pessoal que entende diz que ela pintaria o
céu com outras roupas: 14% maior e 30% mais brilhante.
Naquela hora ela já não era mais super, era
lua cheia e alta. A do ciclo normal. E como todas as outras que vi, estava toda
linda, toda grávida. Farol na imensidão escura.
Conversamos um pouquinho. Papo rápido. Fiz
declarações sobre sua beleza, lembrei de um desenho que rabisquei quando tinha
uns seis anos e deixei no quintal para que ela o recebesse como espelho, manhã
seguinte, o cachorro o tinha estraçalhado.
Na volta pra casa, dessa vez pelo elevador,
vi as fotos da superlua estampada nos jornais do mundo. Estranho, parece que há
mais de uma lua girando em volta da gente. E deve haver mesmo, a minha é aquela
com quem converso e dedico deferências desde os seis anos.
desenho bonitinho, não sei de quem é, o
encontrei no blog dibujosideiacriativa.blogspot.com.br
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