Sylvia,
Se eu fosse pessoa crente na existência do
destino, atribuiria a ele a sua vinda para minha vida.
Quando estava às vésperas de conhecê-la,
poderia acreditar em tudo, menos que seríamos, de fato, amigas.
Fomos apresentadas em condições convencionais
na teoria, mas com poucas possibilidades de dar certo na prática. A ponte que
nos conduziu uma a outra era frágil, pouco confiável.
Mesmo assim, em curtas horas nos reconhecemos
amigas e nos soubemos incrivelmente parecidas em algumas coisas e completamente
díspares em outras.
Sylvia, as vezes eu fico aqui pensando em
você, nas suas coisas, nas adversidades que bordaram sua vida e me emociono com
o resultado. Você bem poderia ser pessoa amarga, difícil, insuportável – seria
fácil explicar. Mas ao contrário disso, você se dispõe à vida, ao
aproveitamento dos instantes que têm importância, é entregue aos amigos e
enfrenta tudo com a coragem necessária para exercer a honestidade nessa selva
tão injusta. Sem contar seu olhar para passarinhos, flores, paisagens e mar, muito mar (e essa coisa louca de pranchas e bicicletas!).
Não fui até aí para bebericarmos juntas daquele nosso uísque tão louvado, do que me arrependo até meu último fio de cabelo.
Deveria ter dado um jeito e atravessado os dois estados que nos separam para
abraçá-la e declarar pessoalmente a admiração que tenho por você.
Sei que ainda teremos muitos encontros, aqui,
aí, em Santa Teresa e onde mais planejarmos, quando quisermos, assim que
inventarmos. Enquanto isso, vamos trocando diariamente, entre figurinhas e oks,
nossas maravilhas e indignações.
É um grande presente poder contar com sua fortaleza moral e seu coração de manteiga.
Ah! Nunca é tarde para falar sobre isso
também: de todas as minhas amigas, você é a mais chata e encrenqueira! E é
também a que conserva nas maneiras mais íntimas a educação mais polida e
sofisticada. Amo!!!
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