quinta-feira, 24 de julho de 2014

planos



a minha amiga Susana Volpi escreveu assim, eu gostei:


Abri a porta e meus olhos brilharam nos dele. Flores. Buquê imenso de gordos botões vermelhos na mão esquerda. Com a direita enlaçou minha cintura e me beijou. Rodopiei o corpo e me larguei.

Sentados na sala, ouvi suas histórias e ele perguntou sobre as minhas. Desenhamos os planos para próxima viagem. Paris nos esperava. E seria primavera e passearíamos abraçados e tomaríamos champanhe e veríamos o sol nascer e o sol se pôr todos os dias e todas noites, daquela sacada que é nossa e que carregamos para todos os lugares. Planejamos também as horas de avião e enfileiramos os assuntos e segredos que gastaríamos pelo Atlântico.

Trabalhando na cozinha, ele me contou do seu dia e perguntou sobre o meu.

Escrevemos o cardápio do próximo final de semana. Os amigos viriam. E tomariam vinho e comeriam os pãezinhos que ele sabe preparar e serviríamos a velha receita da sua mãe e arrumaríamos a mesa com as melhores taças, aquelas que em brinde levantamos sempre em nossos piqueniques.

No elevador do prédio, paramos em todos os números. Tempo para a febre do corpo e os beijos desesperados e as juras de eternidade. Marquei minhas mãos no espelho, enlaçamos as pernas e quando já não existiam mais andares, ainda nos beijávamos. E juramos ficar juntos pra sempre.

Já na despedida final, ele confessou que sabia sobre tudo, que podia tudo, que queria tudo. Sacou a caixinha do bolso e fez o pedido.

Nem a chuva ou o vento, nem o medo ou o espanto, nem a covardia ou a surpresa me impediram de responder.



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