domingo, 29 de abril de 2012

guria muito, muito, muito bacana


A minha Lívia tem 11 anos, ela adora algumas coisas que eu não gosto, mas ama outras que eu curto. Nos nossos pontos em comum, no que dividimos com muito prazer e sem nenhum esforço, estão:

Ver, cantar e dançar junto com Kelly na chuva




 Olhar só por olhar discos que não vamos comprar



Se entupir de comida japonesa no almoço de sábado



Ver filhotinhos e ficar fazendo comentários sobre a personalidade de cada um



Escrever e receber bilhetinhos de amor



Assistir num só fôlego "E O Vento Levou"



Fazer citações que só nós entendemos

- Oscar Peterson
- Rasguei lá do livro da biblioteca
- Senhorita Scarlett, Senhorita Scarlett
- Pesou o clima


Observar atentamente detalhes do mundo, das pessoas, das conversas




Procurar Nemo pela 456 vez



Nos reconhecer em Lorelai e Rory



Passar tempo juntas



sábado, 28 de abril de 2012

rimas populares - variação sobre o mesmo tema

à moda de vinícius:


Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.
(...)

É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
(...)
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
(...)

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.





o chico:



Tinha cá pra mim
Que agora sim
Eu vivia enfim o grande amor
Mentira
Me atirei assim
De trampolim
Fui até o fim um amador
Passava um verão
A água e pão
Dava o meu quinhão pro grande amor
Mentira
Eu botava a mão
No fogo então
Com meu coração de fiador

Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

Fui muito fiel
Comprei anel
Botei no papel o grande amor
Mentira
Reservei hotel
Sarapatel
E lua-de-mel em Salvador
Fui rezar na Sé
Pra São José
Que eu levava fé no grande amor
Mentira
Fiz promessa até
Pra Oxumaré
De subir a pé o Redentor

Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

segundo drummond:


É preciso abrir todas as portas que fecham o coração.
Quebrar barreiras construídas ao longo do tempo,
Por amores do passado que foram em vão
É preciso muita renúncia em ser e mudança no pensar.
É preciso não esquecer que ninguém vem perfeito para nós!
É preciso ver o outro com os olhos da alma e se deixar cativar!
É preciso renunciar ao que não agrada ao seu amor...
Para que se moldem um ao outro como se molda uma escultura,
Aparando as arestas que podem machucar.
É como lapidar um diamante bruto...para fazê-lo brilhar!
E quando decidir que chegou a sua hora de amar,
Lembre-se que é preciso haver identificação de almas!
De gostos, de gestos, de pele...
No modo de sentir e de pensar!
É preciso ver a luz iluminar a aura,
Dando uma chance para que o amor te encontre
Na suavidade morna de uma noite calma...
É preciso se entregar de corpo e alma!
É preciso ter dentro do coração um sonho
Que se acalenta no desejo de: amar e ser amada!
É preciso conhecer no outro o ser tão procurado!
É preciso conquistar e se deixar seduzir...
Entrar no jogo da sedução e deixar fluir!
Amar com emoção para se saber sentir
A sensação do momento em que o amor te devora!
E quando você estiver vivendo no clímax dessa paixão,
Que sinta que essa foi a melhor de suas escolhas!
Que foi seu grande desafio... e o passo mais acertado
De todos os caminhos de sua vida trilhados!
Mas se assim não for...
Que nunca te arrependas pelo amor dado!
Faz parte da vida arriscar-se por um sonho...
Porque se não fosse assim, nunca teríamos sonhado!
Mas, antes de tudo, que você saiba que tem aliado.
Ele se chama tempo... seu melhor amigo.
Só ele pode dar todas as certezas do amanhã...
A certeza que... realmente você amou.
A certeza que... realmente você foi amada.





no soneto de camões:


Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer

É um não querer mais que bem querer
É um andar solitário entre a gente
É nunca contentar-se de contente
É um cuidar que se ganha em se perder

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade
Se tão contrário a si é o mesmo amor?


quinta-feira, 26 de abril de 2012

entre l'urgence et l'importance


Eu estava tentando escrever um post sobre o que é urgente e o que é importante.
Percebi que a maioria das coisas que orbitam a minha vida são urgentes e só algumas importantes de fato.
Fiquei super frustrada, parece que estou perdendo tempo com banalidades que depois de amanhã já terão passado e o que é sério mesmo está ficando em segundo plano.
Como resolver?
Vamos lá, São Pixinguinha, uma luz nesse momento!

domingo, 22 de abril de 2012

512 anos


no seu dentro da baleia, meu filho escreveu assim: 


Alô, Alô W Brasil, Jack Soul Brasileiro do tempero, do batuque, do truque, do picadeiro quero Notícias do Brasil que não é só litoral, é muito mais que qualquer zona sul, é branco, é preto, é mestiço, é Brasil Pandeiro. Na verdade o Brasil o que será? Qual a cara da cara da nação? Eu quero saber Brasil, mostra a tua cara. Brasil é torto igual Garrincha e Aleijadinho que não precisa consertar. Brasil, pra mim, pra mim, pra mim. Aí na terra ainda jogam muito futebol? Muito samba, choro e o rock'n roll? Uns dia chove, eu sei. Mas em outros bate o sol da liberdade em raios fúlgidos. Brasil é um sonho intenso. Ó pátria amada. É um País Tropical abençoado por Deus e bonito por natureza. Quando voltar, não quero ouvir que estou europeizado, pois na hora da comida, enquanto houver Brasil, eu sou do camarão ensopadinho com chuchu. Esse canto que devia ser um canto de alegria soa apenas como um soluçar de dor.
Bye, bye Brasil, a última ficha caiu. Para todo o povo brasileiro Aquele Abraço!


e eu adorei!!!
mas, amargurada, respondi assim:


Canta Brasil!
Viva a bossa, viva a mulata, a farofa e a cachaça! Você que está aí, fazendo o papel de português desbravador, descobridor, cuidado! Você é apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco e o Brazil não conhece o Brasil. Tudo é belo e tem lindo matiz; sim, minha voz eternecida já dourou os seus brasões, porque todos acreditam no futuro da nação... mas como esse é o país da contradição, eu posso vender... deixe algum sinal!
Na beleza deste céu, onde o azul é mais azul, minha glória a todas as lutas inglórias, como a de Iracema que voou para América, ou daquele que ficou vagando pelas ruas de Londres, ou, ainda, as avessas como o antropólogo Claude Levy-Strauss que detestou os ricos que moram na praia e os diamantes que rolam pelo chão.  
No céu, no mar, na terra, nós não vamos pagar nada... afinal, quem pode morrer pela pátria e viver sem razão? 
Chame o ladrão!!!






sábado, 21 de abril de 2012

ridículo!


Eu estava tentando pegar um taxi. Só isso. Primeiro liguei: musiquinha, musiquinha, musiquinha, gravação “não desligue, logo iremos atende-lo”, musiquinha, musiquinha, musiquinha, gravação. Persisti e comecei de novo. E o ciclo se repetiu. Bati o telefone e tentei outra combinação. Adivinhe? Musiquinha, musiquinha...

Desisti.

Fui para rua. Saí caminhando desembestada, cega de raiva, o relógio correndo e a pressa me atormentando.

Andei 7 (sete!) quadras, com a bolsa pesada no ombro, duas sacolas nas mãos e alguns respingos de uma chuva idiota que queria cair, mas estava fazendo corpo mole.

Cansei.

Na quadra da frente, dois carros laranjados, portas quadriculadas, luminoso no teto. Andei mais cem metros. Entrei no primeiro.

-       Boa tarde.
-       Boa tarde.
-       Pra onde?
-       Pra casa.

Voltei.    

lindo!

Pixinguinha e Louis Armstrong
Palácio do Catete, década de 50 

não há a menor necessidade de escrever...

3X4



Esta é minha Vânia.

Ela é minha amiga desde o primeiro minuto que a vi! Amor à primeira vista. Lembro-a com sua camiseta roxa com os desenhos da Lapa, seu sotaque leve, carioca, olhar curioso e sorriso fácil. Fui aplicar uma espécie de teste para que me substituísse num trabalho que eu gostava de fazer e tinha muito ciúme. Minha petulância, cravejada de arrogância, me fazia acreditar que ninguém poderia me substituir; mas em dois minutos de conversa, pisquei para o chefe e tive a certeza, “é ela, encontramos!”. Ele não duvidou.

O tempo foi passando e três dias depois já éramos amigas de infância. Quando fui à sua casa pela primeira vez, descobri, sem surpresa, que tínhamos objetos de decoração incomuns e em comum.

Ela foi eleita madrinha de minha filha; passou a fazer parte das minhas duas famílias (da de casa e da do trabalho); com muita facilidade se tornou amiga dos meus amigos.

Criamos uma tradição de jantares que durou muitas quintas-feiras. Fizemos compras sufocantes de Natal juntas. Dividimos segredos e nas enfermidades e horas malsãs aqui de casa, sempre me emprestou, generosa e preocupada, o seu pediatra de plantão. 

Vânia é o que, em língua portuguesa, chamamos de “palavra-ônibus”, porque ela é divertida, inteligente, generosa, bacana, sacana, maneira, simpática, formidável. Tranchã!

Ela é mãe da Laura, da pequena Laurinha, que amo como se fosse minha, mas que procuro ficar a uma distancia segura para não torrar a família.

E, ainda por cima, ela é casada com o Fábio, a melhor alma que já conheci. Mas esse, é outro retrato...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

como diria batista de pilar:

"meus amigos são mais interessantes que uma manada de elefantes"



a Bea, de casaco branco, é uma criaturinha muito, muito, muito bacana! tem auto-preguiça, mas está pronta quando alguém em volta precisa de uma coisa, coisinha ou coisona. gosta de trabalhar. é generosa. tem alergia a todas as substâncias do mundo. faz coleção de sapatilhas. e prepara sobremesas impressionantes, que chutam pra longe qualquer regime.


do outro lado, a Luluzinha. falei pra chuchu dela num post um dia desses. de um tempo pra cá, ela anda super arrumadinha, de bom humor, cheia de sorrisos e projetos e roupas novas. bebe um monte de cerveja e aprendeu as delícias e mazelas do rg.


no meio, a Rê. sempre, todas as vezes que a vi, 100%, ela tem esse sorriso leste-oeste. é super animada. delicada. educada. agradável. toca baixo. é farmacêutica. tem ideias próprias, olhar particular sobre as coisas e situações. sabe opinar. mas se embanana um pouco com a própria vida. a Rê é uma ótima companhia!  


que trio, hein? azar de quem não pode...

domingo, 15 de abril de 2012

o que pode lançar mundos no mundo



Um dia desses me fizeram a pergunta sobre o livro que mais gostei de ter lido. Na hora fiquei com medo de cometer uma injustiça, movida por minha falta de memória. Ou de dar atestado de ignorância por não citar um clássico. Ou de me mostrar superficial por citar uma literatura fora dos padrões de resposta.

Achei a pergunta cretina. Julguei-a impossível (ou impossible como gosta minha filha) de responder. Não tem essa de melhor livro ou o que tenha gostado mais. Pra mim, esse tipo de coisa depende do momento, da necessidade do momento, do que se vive no momento da leitura e o que se tira dela. E isso não dá para pinçar assim, num único título.

Penso assim. Mas a pergunta me fez fazer viagem por minha pequena biblioteca mental. E, surpresa, encontrei o livro que mudou minha vida.

Quando eu tinha uns 6 anos ganhei de presente “Lúcia-já-vou-indo”, da Maria Heloísa Penteado. Fiquei tão feliz por ter um livro meu, só meu, e por conseguir vencê-lo sozinha, que acabei tomando gosto em me aventurar pelas histórias escritas.

O livreco fininho e ilustrado pela autora fez com que eu conhecesse os prazeres da leitura. Então, se eu cair de volta numa esparrela dessas, posso responder, sem dúvidas, que o melhor que me aconteceu até hoje foi o inocente, sem intenções transformadoras e, ainda nas livrarias, “Lúcia-já-vou-indo”.      

"...Lúcia levantou-se, arrumou a peruca que se havia entortado na cabeça e foi buscar a cestinha que havia rolado longe. Nisso, perdeu um dia e mais outro..."

sexta-feira, 13 de abril de 2012

com que roupa?


Quem é você que não sabe o que diz?
Seu garçom faça o favor de me trazer depressa...
Quando morrer não quero choro nem vela.
O cinema falado é o grande culpado da transformação.
Jurei não mais amar pela décima vez.

Amanhã tem mais uma edição de programa de auditório das rádios e-Paraná AM 630 e FM 97.1.
Dessa vez, a homenagem vai para Noel Rosa, um dos nossos preferidos, dono de uma obra admirável, transformador da música do Brasil no início do século passado.
Bem bom, bem bacana. Imperdível.

Lá vai o serviço:

O que: programa de auditório com transmissão ao vivo pelas rádios 97.1 FM e AM 630 em homenagem a Noel Rosa
Quando: sábado, 14 de abril
Horário: 16h, em ponto (melhor chegar meia hora antes)
Onde: Canal da Música – Rua Júlio Perneta, 695
Quanto: de graça e com direito a cafezinho

Mas você anda sem dúvidas bem zangada ou está interessada em fingir que não me vê...
Batuque é um privilégio, ninguém aprende samba no colégio.
Um pierrô apaixonado, que vivia só cantando...
Pois cantando nesse mundo vivo escravo do meu samba.


terça-feira, 10 de abril de 2012

odeio ir ao cinema!


Hoje em dia, o cinema está vinculado ao shopping (tirando os de freqüência suspeita, com filmes de conteúdos impróprios que ainda empilham-se em prédios velhos no centro da cidade, mas esses, moças de respeito como eu, não ousam nem olhar para a fachada). Pois bem, eu detesto ir ao shopping. Logo, ir ao cinema, já começa com o primeiro desgosto: os corredores artificiais, com pessoas grosseiramente arrumadas e maquiadas que se arrastam olhando vitrines. Isso não é pra mim!



Mas vamos considerar que esse primeiro obstáculo seja vencido e que eu chegue à praça de bilhetes com o humor intacto, feliz da vida, o que estará a minha espera? Uma fila horrorosa, estilo minhoca, com todo tipo de experiência auditiva (e de olfato) que dá a nota da humanidade vivente: comentários sobre a secretária de fulano; fuxicos da vida da sobrinha da manicure da patroa; aspirantes a alguma coisa tecendo falas sobre uma última produção hollywoodiana; o preço do ônibus; o capítulo da novela e assim por diante. A fila parada, por conta da falta de vontade de trabalho da menina do caixa versus a senhora que insiste em tentar provar a idade sem documentos para pagar meia-entrada. A fila parada e as conversas num crescente exasperante. 


Quando, enfim, minha vez, até posso me esforçar para ser minimamente simpática, educada, agradável e falo apenas o necessário naquele irritante microfoninho do vidro. Vem a troca infinita da conversa em voz metálica, baixa e desanimada: a confirmação do meu pedido, o valor, a escolha da poltrona (agora tem mais essa), o cartão, a senha do cartão, o ticket do cartão, o ticket do cinema e na falta de sorte um panfletinho qualquer.





Muito bem, barreira saltada. Dentro da sala de cinema, no aconchego do escurinho, na meia luz... a situação piora. A experiência de ver um filme, que na minha opinião é algo como a literatura, coisa solitária, particular, privada, podendo apenas ser compartilhada em comentários pós com escolhidos a dedo, acaba se tornando uma partilha com desconhecidos, um coletivo de horrores. Primeiro os odores, os pobres cheiros de pipoca, salgadinho, perfume barato, suor, mofo, chocolate e por aí vai. Depois os barulhos. Tensos e contínuos, eles se propagam por conversas, bips de telefone desligando, risadas, sussurros, chiados, goladas, latas de refrigerante sendo abertas, sacolas plásticas, tosses, espirros, pigarros. Até som de beijo de casais mal educados eu sou obrigada a ouvir, logo eu, que não sou nada dada a demonstrações públicas do que quer que seja.   



O filme começa. Eu detesto som alto e geralmente, o som do cinema é alto, muito alto. Eu não suporto ar condicionado e na maioria das vezes o ar das salas é de bater o queixo.
Mas o filme começa e eu procuro me concentrar nele. Entretanto, mais forte que o filme, mais vigoroso que eu, mais envolvente que o objetivo de conhecer novo tema, logo vem uma sensação de repulsa por me saber sentada numa poltrona que não foi devidamente aspirada após o último ocupante – e quem seria ele?



Quando a soma de todos os fatores se transforma num monstro difícil de vencer, vem o golpe final, aquele que me coloca na lona, que me faz bater três vezes no chão e pedir água: o medo, o pânico, a claustrofobia. E o pensamento final: estou trancada aqui, com um monte de gente que não conheço – e já não gosto –, com um som ensurdecedor que não neutraliza os pequenos barulhinhos mal educados dos companheiros de cela, sentindo cheiros desagradáveis e ainda tenho que encolher as pernas para dar passagem a duas amigas solteironas que conseguiram chegar atrasadas para sessão apesar de não terem nada pra fazer. 



Ainda assim um pudor que não sei explicar me segura até o fim. Não consigo simplesmente me levantar, me libertar, me ir embora. Passo a próxima hora e meia num misto de sensações desagradáveis até que subam os letreiros... 



sexta-feira, 6 de abril de 2012

3X4


Carlos Alberto Pessoa é um homem surpreendente!

Olhando, lendo, ouvindo, assim de longe, não dá pra ter ideia do que acontece ao tê-lo por perto.

Ele é animado. Bem humorado. Leve. Solto. Livre. 
Livre, leve e solto!

Gosta de árvores e flores. E livros. E comidinhas. E cinema. E poesia. E música. 
Detesta cinza, barulho, fumaça, vulgaridade, reforma, marteladas, buzina, latidos, miados, urros. 
Ama sussurros, barulhinhos, perfumes suaves, bons versos, bons ventos.

Alitera naturalmente e tem mil citações na cabeça para cada situação. 

Caminha, caminha, caminha. Mas pega taxi e pede carona.

Sintetiza qualquer assunto em 61 segundos. E não fica um eterno minuto e um segundo de sobra em silêncio. 
Fala, opina, explica à exaustão.  

É elegante, prestativo, generoso, compreensivo. 
Tem o refinamento da idade e tem todas as idades.

Carlos Alberto Pessoa é, de fato, surpreendente!

Azar de quem não tem a mesma sorte que eu!
sorte minha Lina Faria estar por perto.

os versos do paulo césar pinheiro...



"Agora aprendi por que o mundo dá volta
Quanto mais a gente se solta
Mais fica no mesmo lugar"



quando tem música junto, a parceria ganha o nome de Vicente Barreto. 

encontros e despedidas


Nessa semana eu me despedi de muitas pessoas. Foram, estão sendo, dias difíceis, que cobram parcelas altas na conta.

É dureza ser portadora de notícia ruim. Passei por isso com 25 pessoas que eu gosto, admiro, respeito. Sei que nada é definitivo na vida e uma situação assim pode gerar oportunidade para outras coisas, coisas boas... mas, não dá para se trancar nesse pensamento e fingir que não é nada, que isso já passa. Porque atrás de um bom profissional, há sempre uma pessoa, com sua vida e suas necessidades, suas insubstituíveis particularidades.

Mas como sempre, como pra todo mundo, na minha vida também aconteceu uma coisa pra quebrar o clima de tragédia. É sempre assim, quando tudo está indo pro vinagre, acende uma luzinha, um passarinho voa, toca uma boa música, alguém telefona e a gente se sente um pouco melhor.   

Acabei me encontrando com outras grandes pessoas no meio disso tudo. A outra parcela, o outro lado da moeda, colegas queridos que estendem a mão, que não condenam, que compreendem, se solidarizam e abraçam a causa.

A vida é uma eterna ida e vinda mesmo! As coisas passam, mudam, se transformam. E o que é hoje, não será mais amanhã, ou será. Sei lá!