segunda-feira, 26 de novembro de 2012

números que eu sei de cor


Desde sempre tive mais vontade das letras. Minha inclinação, desde cedo, despencou para a coisa da palavra. Textos, livros, músicas, poesias...

Lembro que, ainda menina, sublinhava trechos de livros e reescrevia-os num caderninho ensebado que me acompanhava; depois os transformava, desenvolvia, fazia-os virar histórias. E assim vim caminhando até aqui: me maravilhando com quem tem boas ideias e sabe trabalhar as palavras. 

No entanto, minha memória nunca me ajudou. Lembrar de um autor, uma poesia, uma citação é um sacrifício que quase sempre vira em nada. O estranho, esquisito, improvável é que a cabecinha tão fraca para as coisas da palavra, consegue carregar muitos números. Por que será?


Veja só:

Decorei o número do meu CPF, do RG e do passaporte
Placas de carro? Sei a do atual, de três anteriores,
do da minha irmã, irmão e mais uns cinco contando com a sorte.
Sem olhar consigo dizer o CEP de casa e do trabalho.
Três bancos: seis cartões, várias combinações de senhas e nenhuma cola.
Três bancos: 12 números para as agências, 15 para as contas, caçarola!
Sei também as datas de aniversário dos filhos, dos pais e dos irmãos,
de uma meia dúzia de amigos e daqueles que entram na cabeça sem explicação.
Caraca! E há manequim, idade, calçado, tamanho do sutiã, número do prédio, do apartamento, da birosca da esquina, dos e-mails, estações de rádio, canais de TV...
E os telefones? Móvel e fixo de Fulana, Beltrana e Cicrana, os ramais dos colegas, multiplicados por 10, por 20, 
quantidade pra lá de insana.
Há ainda as memórias da infância: do número da casa da avó, do endereço da melhor amiga, da idade em que se pensava casar, do número de filhos que se planejava ter, as fórmulas matemáticas, mesada aos 10 anos, aos 12, aos 15...
O mais engraçado de tudo é que os que não consigo lembrar de jeito nenhum são os romanos; deve ser porque em vez de números eles são letras,
Coisa ordinária, caso freudiano!  

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

livre


Como num quebra-cabeças de muitas e miúdas peças, passei a vida a tentar encontrar partes que se encaixem, se complementem, se misturem para formar grande paisagem.

Mas hoje, a olhar um cisne negro, de pescoço longo e movimentos sutis, esparramado num imenso parque, comecei a achar que as pequenas partes, separadas, isoladas, quietas também dão boas histórias.

Pra que ficar tentando colar tudo? 



sábado, 17 de novembro de 2012

3X4


Meu querido amigo de longa data, intensos encontros e bom humor contínuo, Renato Braz, está na cidade.

Faz show com o incrível Nelson Ayres.

Assisti meio de lado, sem conseguir encarar os artistas direito... meio de olho fechado, meio espiando, meio cantando em pensamento, meio tudo, pra dar conta do inteiro que rolou dentro de mim...

O Braz já não canta mais como antes. Canta melhor! Canta mais! Faz a gente flutuar, entender as canções, pensar nas músicas, se divertir com letras e, por fim, chorar.

Tenho muito a dizer sobre o Ayres também, mas hoje, estou com vontade de tratar do Renato.

Simples e refinado; chique e maloqueiro; cabelo preso, cabelo solto; tranquilo e arrebatador; leve e denso. Bom apetite, bom humor, bom papo. Bom homem. Homem bom, do bem, pro bem.    

O Renato Braz é uma dessas pessoas que a gente tropeça por acaso na vida e carrega pra sempre. 

Eu fico a observar o seu público: há um amor por ele, uma comoção, uma proximidade... as conversas entre as pessoas que não se conhecem mas que tem Braz como ponto comum, acabam sendo fluidas, calmas, conversas de fraternidade.

É bonito ver como um público reflete a personalidade artística de seu escolhido. Nessas horas, até dá pra pensar que o mundo tem salvação – principalmente se a massa trocar shortinho, gritinhos e rebolados por acordes, palavras e belas melodias. 



terça-feira, 6 de novembro de 2012

data tão festiva!!!


A primeira vez que o vi, você me olhou direto nos olhos; fez isso de um jeito tão profundo e intrigante, que até hoje carrega o título de um dos momentos mais emocionantes da minha vida.

Eu ainda era muito menina e não estava acostumada a lidar com os grandes momentos. Desviei, fechei os olhos e chorei. Hoje me arrependo por não ter prolongado um pouco mais.

Você chegou em minha vida para transformar meus caminhos, para promover reencontros, para exigir diálogos, para ditar importâncias; pousou missionário, sem precisar dizer uma palavrinha.

Por causa de sua presença, reatei laços, reconstruí relacionamentos, perdoei, fui perdoada.

A partir daquele primeiro olhar, minha vida mudou e veio até aqui, cambaleante por conta das minhas escolhas, mas sólida por causa desse amor, que se espalhou e possibilitou outros.

Eu nunca vou esquecer seus olhinhos, Dé, tão pretos, tão abertos, tão dentro dos meus. Quando você nasceu o médico o colocou no meu colo, todo embrulhadinho num manto azul, azul da cor do céu, azul da cor do mar, azul do amor azulzinho...

Sete de novembro, dia de festa, dia de Dé!

Foi um momento muito interessante conhecê-lo e renovar esse encontro todo ano, o ano todo, é um privilégio! Que bom que você faz parte da minha vida!!!

Que você tenha um ótimo dia; um aniversário feliz; um novo ano repleto de bons acontecimentos, boas pessoas, boas experiências; que você continue caminhando assim nesse seu ritmo que tanto me orgulha e que arranca suspiros das minhas amigas mães: "que maravilha ter um filho assim, né Adri?".


Um beijo, mil beijos.
 
 

domingo, 4 de novembro de 2012

haja céu pra tanta estrela


Já ouvi algumas vezes sobre a dificuldade de trabalhar com tamanha constelação.

Conheço um deles, talvez o mais doce; a fama de outra, certamente a mais bárbara e tenho impressões sobre os outros dois... não importa. 

Acho bacana vê-los assim, me divirto com a outra época. 

Será que eles ainda deixam a luz brilhar e são muito tranquilos? Duvideodó!