sábado, 29 de junho de 2013

as combinações que eu amo



Feijão com couve. Filhos e sábado. Casa e amigos. Cama e coberta. Abraço e beijo. Queijo e goiabada. Café e conversa. Calor e praia. Branco e preto. Verde e amarelo. Cachorro e grama. Estrelas e luneta. Poltrona e livro. Caderno e lápis. Computador e wi-fi. Cartola e Dona Zica. Morango e nata. Música e silêncio. Viagem e dinheiro. Carro e direção hidráulica. Banho e pijama. Frio e cachecol. Chuva e preguiça. Siri e cerveja. Futebol e palavrão. Árvore e flor. Carta e amor. Samba e caipirinha. Passarinho e gorjeio. Juízo e sorriso. Fotografia e lembrança. Ouro e prata. Pandeiro e cuíca. Tom Jobim e Frank Sinatra. Trem e cochilo. Nascente e poente. Bússola e GPS. Pão e manteiga. Quintal e roupas no varal. Coreto e banda. Pescador e mar. Generosidade e gratidão. Vida e arte. 




quinta-feira, 27 de junho de 2013

canção de acordar


Que toda manhã você me acorde e fique mais cinco minutos
Que me chegue devagar com beijo e carícia
Que me adivinhe os sonhos e me faça canção
Que fale baixinho e me desenhe seu nome

Que toda manhã você renove os votos e não se acostume
Que me respeite mais velha e me veja bonita
Que me alivie os pesos e segure minha mão
Que cante pra mim e me mate a fome

Que toda manhã você deite-se aqui e não me adivinhe
Que me olhe nos olhos e conte da escrita 
Que me enlace o corpo e divida a amplidão
Que sonhe comigo e me desperte o codinome 





sábado, 22 de junho de 2013

pra não dizer que não falei das flores - e dos horrores


Eu não sabia qual era o preço da tarifa. Não pego ônibus. Os amarelos, cinzas, verdes, biarticulados não passam no meu caminho. Aceleram na minha janela, mas não dão conta de me levar e trazer pra onde preciso. Vou de carro, a pé, de carona, de taxi, a depender da situação...
Mas apoiei de corpo e alma a manifestação pelo valor da tarifa. Apoio pessoas que se manifestam, que se expressam, que falam. Gosto de voz, de vozes!

E por isso, apoio ainda mais as outras reivindicações, em algumas faço coro e empresto frases. 

Li muitas coisas a respeito do momento em que vivemos: coisas bobas, ditas por guris e gurias sem conhecimento; bolações bem humoradas do país da piada pronta; revolta de gente que já viveu muitas sacanagens; relatos de caras que estudam política, comportamento, sociedades; contra; a favor... Li pra chuchu sobre tudo. 

Os historiadores têm o passado para servir de pauta de análise, os sociólogos imediatamente lançam sentenças, os cientistas políticos adivinham o amanhã... E assim vai...

Com tanta informação, eu bolei minha própria teoria de liquidificador:
Como muita gente, eu tenho blog, página no facebook, instagram e toda a parafernália de comunicação. Tenho voz e sou autora da minha vida. Isso me coloca em condições de me representar aqui, de dentro de casa. Logo, quando vou à rua, à passeata, desloco essa capacidade pra lá, o que me faz livre de estar debaixo de bandeira, cor ou sigla, que não sejam as minhas...
Mas eu tenho título também, título de eleitora brasileira, o que me faz obrigada a arrumar voz que diga por mim e me represente. 

Ah a Democracia!

Pela democracia, pelo meu direito, pelos meus pensamentos, por tudo que é sagrado nessa ilusória liberdade que temos, é preciso que eu, você, os partidos, as claques, os oportunistas, os canalhas, todos tenhamos o santo direito de contar na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê o que queremos e pelo que ansiamos...

E mais uma coisa,  o velho clichê que é na urna que as coisas podem mudar, ainda é válido!

Ah! Eu sei que não adianta, mas eu não quero pagar, com o meu dinheirinho, o vandalismo alheio. Tenho muita vontade de iniciar manifestação para isso: quem destrói, paga, arruma e vai em cana. Esse óbvio está a ser aplicado com variações em alguns lugares...


foto de Lina Faria, a mostrar a voz de quem cedo começa a falar
foto de Orlando Kissner, feita ontem à noite, no Centro Cívico (?) de Curitiba



sexta-feira, 21 de junho de 2013

3X4

A minha amiga Janete é a mulher mais bonita e gostosa que conheço - por dentro e por fora!

Criatura que vale por mil almas: generosa, espirituosa, livre... É capaz de revelar incríveis filosofias aplicadas num cotidiano simples e sem afetação. 

Gosta do simples e do luxo, da Vila Guaíra e de Paris, de mochila nas costas e hotel 5 estrelas. 

A minha amiga Janete tem coragem de grande mulher e sorriso de menina. Leva na ponta da língua piadas pra todas as horas e conselhos pra todos os perrengues. 

Mulher deslumbrante, deixa rastro de amizade em todos os lugares por onde passa e de Channel também...

Uma vez fiz ligação transoceânica pedindo sua presença aqui, comigo, porque atravessava um deserto horrível e achava que não poderia continuar sozinha. Ela veio. Eu, no meio da minha angústia, me fechei e não nos vimos. Pensa que ela ficou brava, chateada ou qualquer coisa parecida? "Eu entendo, A, as vezes a gente precisa mesmo é ficar sozinha, mas sabendo que os amigos estão a meio metro". E voltou para Paris, com a mão estendida e o apoio disponível.

A Janete é sempre uma grande festa!

Jota, 
Há um milhão de coisas a serem ditas pra você, sobre você, sobre tudo que você representa e me ensinou... Não consigo e acho que nem preciso! Você sabe bem do amor que sinto, da amizade que devoto e de tudo que quero pra você. 

Como é bom tê-la em minha vida! A sua amizade é uma experiência maravilhosa!

Um grande beijo! 
Salut!!!


quinta-feira, 13 de junho de 2013

ouve o meu lamento


Querido Pixinguinha,

Escrevo para pedir ajuda. 

Quando você saiu daqui eu estava chegando. Não deu para conhecê-lo pessoalmente. Mas desde a primeira vez, adorei você. E sempre me senti feliz em sua companhia, até em momentos de choro – não, não é trocadilho. 

Tudo que conheci de sua arte me fez transcender. Tudo que soube sobre sua pessoa me inspirou fé na humanidade.

As coisas mudaram um pouco. Não!, pessoas vulgares, más, sem talento não são novidade. Mas elas ganharam corpo, espaços, volume. Parece que elas dominam o mundo. 

Imagino que na sua época, o negócio não era bolinho também! Mas a distância, a ignorância de um outro tempo e as fotos em preto e branco me levam a pensar que pelo menos havia uma delicadeza no ar, um pouco mais de entendimento do belo e muita disponibilidade para o simples...

Hoje há um atropelamento geral. Arte boa e coisa ruim se fazendo passar por arte sempre existiram e sempre existirão, eu sei. Mas a opção geral pela vulgaridade, a predileção pelo feio, o bobo, o vazio... essas coisas são de assustar.

Não sei que lugar você teria em nosso mundo hoje. Provavelmente seria uma dessas pessoas a se entristecer com o tolo e fazer dele combustível para continuar a luta. Ah! Eu vejo os olhos dos artistas de alma, dos que querem e ainda acreditam. Há tanta esperança e tanta tristeza e tantos desafios em seus caminhos. Há vitórias também. Conquistas decorrentes de muito suor, muito esforço, muita verdade. 

Você espalhou sementes. Ajude-as crescer na arte e na vida. Lance luz e água. 

Como te chamam de santo, São Pixinguinha, peço: olha por nós.



quinta-feira, 6 de junho de 2013

dentro de um figo maduro


Montei minha casa, que não é minha, cheia de cores, objetos, plantas, perfumes, sabores. 

Janelas sempre abertas, som constante de conversas, música tocando e alguma coisa douradinha e borbulhante no fogão. 

Há variadas bebidas, dois colchões reserva, cachorro que sabe truques e mais de dezena de girafas.

Recordações de viagens, presentes de amigos e muitos penduricalhos. 

Minha casa não é minha, mas é meu este lugar!

Nas andanças aprendi a deixar coisas pelo caminho, a me desgrudar de objetos e a guardar na memória as composições de outros espaços. 

Descobri que casa de verdade, casa da gente, sempre está um pouco bagunçada: um tanto de desordem e precisando de algum tipo de reparo. 

Sei também que não há melhor lugar no mundo!

A casa tem suas vontades. Quando Tim Maia está na radiola, é hora de faxina; se Sinatra canta, é para namorar; quando Bach ataca, silêncio. 

Tenho poltrona de leitura, lugar preferido na mesa e recortes de detalhes. 

Gosto quando os amigos vêm! 

Aqui não tem TV nem relógio. Em compensação, mais de dúzia de rádios, toalhas felpudas e cobertores quentinhos.  

Sou rainha do lar, mas essa também é a casa das pessoas que eu amo e para elas as portas estão sempre abertas.