segunda-feira, 18 de novembro de 2013

a onda que se ergueu no mar...


Encontrei a solidão. E ela era sem cor e dura e feia e forte. Estendeu-me a mão, seca e áspera. Convidou-me para dançar e sua música era suave e seus passos tranquilos e ela me fez flutuar...


Nos entendemos bem, formamos par: dupla inseparável, proteção mútua. Eu sabia, ela não deixaria que a vida me distraísse, que o mundo girasse, que o corpo tivesse calafrios. E eu a respeitaria, protegeria, a guardaria a chaves, cadeados, correntes, redes, lençóis.

A solidão me deu presentes: livros, músicas, silêncios, calmaria, quietude.

Um dia, sem aviso nem convite, o amor chegou. Fez confusão, abriu todas as portas, destrancou os medos, libertou as vontades e rompeu nosso acordo. Tratou de nos separar.

O amor era colorido e tinha linhas diferentes, sorrisos, animação, sol, estrelas, concentração. Água fresca. O amor me seduziu porque me fazia sorrir, porque me deixava cantar e porque me desvendava para o outro, o próximo, o mais próximo.

O amor permitia a divisão e a vontade. A liberdade e a prisão. O sim, o sim, o sim.

Confiei no amor e em suas promessas. Traí a solidão e me entreguei a esse novo parceiro.

Descobri que o amor também é onipresente, acompanha e preenche todos os instantes, os espaços. O amor invade a alma. E gosta do perigo: corda bamba, beira de precipício, olhos nos olhos, corpo em chamas, passarinho solto.   

O amor não deixa espaço vazio. E quando a solidão tenta se aproximar, ela já não tem boa música e incomoda e atrapalha e perturba e enlouquece.

A solidão fica ali, escondidinha, a espiar. 
O amor não pode esperar!




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