sexta-feira, 1 de novembro de 2013

perpetuum móbile – porque nenhum amor acaba


Os amantes se separam, se vão. Somem no tempo e no espaço. Mas nenhum amor acaba.

Os amores sempre continuam e continuam sempre. O amante vai e o amor fica num objeto da sala, no cheiro de um livro, na cor do dia, numa palavra, num sotaque, na fumaça do cigarro – não há lugar em que o amor passado viva mais que na fumaça do cigarro; no primeiro gole, talvez.

A lembrança do amor é o próprio amor. E se ela vive aqui e ali, é só porque o amor também vive.

Há mais amor na coleção de não-amor do que em qualquer outro lugar.

O amor do passado, que vive no presente e que talvez se junte a outros ainda, não é do tipo que faz mal, que move montanhas ou que desassossega a alma. Ele só está por ali, por aqui, a pairar feito Gasparzinho. A contar um pouquinho sobre a vida que tivemos, lembrança não-autorizada da própria biografia.

O amor do passado as vezes provoca curiosidades: uma espiadinha na vida, uma vontade de saber, um relato de episódio, recorte de momentos...

Sempre que alguém vai embora, deixa um pouco de si no outro. E esse deixar é o amor que continua sempre e sempre continua e faz parte da gente como todas as outras coisas.    

Amor é moto-contínuo.


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