Gosto dos prazeres da pele. Maquino maneiras
de perceber júbilo nas coisas mais simples: sapato confortável, textura de
roupa, temperatura ambiente, móveis satisfatórios. É importante esse
reconhecimento em tempo integral, ele me revela o agradável mesmo quando o
resto não diz lá grande coisa.
Não sei se é por conta de pele tão sensível
às mais discretas variações ou se seria assim de qualquer jeito, mesmo que a
tez tivesse percepção menos apurada, mas o fato é que estou sempre ligada em
tudo que me toca.
Por isso há grande prazer no banho. No banho
de mar, piscina, banheira, chuva, chuveiro.
Sem querer provocar os eco-fiscais, chuveiro
pra mim é coisa sagrada e precisa um pouquinho mais do que os cinco minutos
indicados nas cartilhas verdes. Não cometo grandes exageros, mas tenho etapas
que não gosto que sejam atropeladas.
Minha receita completa começa com a
temperatura da água. Tenho raiva de água fria. A ducha tem que ser de morna pra
quente, a depender do dia, da estação, do humor da terra. Precisa também ter
pressão, cair na pele e ser sentida como massagem, como descanso, puro relax.
Todos os cosméticos são necessários e não
ligo que um anule o outro: dois shampoos, creme um, creme dois, sabonete um,
sabonete dois, esfoliante e óleo.
Meia-luz e musiquinha são detalhes do
ambiente que melhoram o juízo para tudo.
O ritual se repete com algumas poucas
variações, mas sempre com o carimbo do prazer à flor da pele.
Em dias melhores, casamento perfeito; nos
mais difíceis, alta potência est perceptivo.
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