de todos os meus eletrodomésticos o que não
vivo sem é a máquina de lavar roupas. tudo menos ter que enfrentar o tanque. o
aspirador de pó também está entre os queridinhos, mas não é páreo para a
guerreira da área de serviço.
há alguns anos, grana curta, problemas
grandes, minha máquina parou de funcionar. esse tipo de coisa sempre acontece
nos piores momentos, se bem que sempre é um pior momento para evento desse
porte.
as roupas todas a viver a orgia do cesto onde
camisa se abraçava com vestido, calça fazia juras à meia, calcinhas assanhadas
se exibiam para tímida blusa... e nessa promiscuidade sem nenhum tipo de
contracepção, elas se multiplicavam. onde antes uma camiseta reinava, em poucas
horas, duas, três, até quatro apareciam incontrolavelmente.
como não dava para reprimir a algazarra da
roupa suja, também não era possível esperar por ventos melhores. fiz uma
traficância no orçamento doméstico e chamei o técnico.
ele chegou com poses de doutor. uniforme,
maleta, ferramentas, olhar sério. me perguntou sobre o problema. eu não
conseguia diagnóstico, fui direto à conclusão, que era também sintoma: não funciona. simplesmente parou de
funcionar, sem aviso prévio, sem um gemido antes, sem nenhum sinal. só parou.
o senhor do inesquecível nome Alcebíades
olhou para máquina, abriu a tampa e antes de reunir forças para removê-la de
lugar, quis testar. eu ainda avisei mais uma vez sobre a inutilidade daquela
ação, enquanto girava os botões e apertava-os como quem conversa com um bicho
de pelúcia: é bicho, tem formato, mas não vive.
ele me pediu licença, buscou o cabo de
energia e ligou a branquinha na tomada. movimento quase instantâneo, a obedecer
a velocidade da luz, a máquina começou a se encher de água.
era esse o problema, estava fora da tomada e
eu, ligada em 220, nem me dei conta do pormenor, mas a conta da visita do
Alcebíades ficou ecoando na minha economia doméstica...
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lembrei da história por conta dessa tirinha que a Cassandra Szuberski dividiu em sua tl. |
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