Penso na frase adaptada de John Donne: “A
morte de cada homem diminui-me, pois faço parte da humanidade; eis porque nunca
me pergunto por quem dobram os sinos: é por mim”.
E ao recorrer ao poeta, um vazio estranho me toma. Fico triste pela humanidade, por esse vendaval de ocorrências
difíceis de pensar, quiçá de superar.
Me vejo adolescente, a achar que tenho que
mudar o mundo. Não gosto. Não gosto de achar que eu tenho que mudar o mundo,
mal consigo mudar de brincos.
O fato é que seis dias de jornal foram
demais pra mim.
Cancelei a assinatura, como quem faz um
pedido de socorro, um voto para permanecer na ignorância e voltar a crer nos
homens.
As notícias me abalam e me refugio em
depressão de lamento, choro, tristeza. Todos os noticiários esmigalham minha
saúde e o que já não andava muito bem, acaba piorando, cão sarnento a vagar.
Também não quero saber sobre as felicidades
porque elas me parecem incorretas no tempo. A que ponto, meu São Pixinguinha!,
a que ponto cheguei, chegamos. Um momento em que tudo está tão fora de lugar
que até as boas novas parecem inadequadas.
Sofro. Choro. Tenho pena de mim mesma, dos
meus filhos, das pessoas que quero bem. Sinto a miséria humana a sapatear e
gargalhar de qualquer boa intenção. O mundo é dos vivos, dos espertos, daqueles
que não estendem a mão ao próximo. O mundo é de cada um que assim o conclui.
Cancelo a assinatura do jornal, como quem
toma um Lexotan. Anestesia apenas, nenhuma modificação, só a luta individual de
proteção. Enquanto sigo alienada o mundo gira no torvelinho da pia do banheiro.
Anulo o periódico, mas não sei se é
possível esquecer, não saber, não olhar.
Me falta ânimo para sair do poço e coragem
para continuar nele. Jogo meu corpo no mundo com a sensação que caio num
abismo.
Os sinos dobram por mim.
Há momentos que parece ser tudo assim, insuportável, uma dor tremenda, mas existe luz no fim do túnel, existe o bem, a questão é vibrar na sintonia desejada. E desligar a mídia de modo geral é o primeiro passo para não participar dessa loucura. Paz!
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